Nesta semana, a Prefeitura de Lagarto, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, deu início a vacinação da população quilombola contra a covid-19. A primeira comunidade prestigiada foi a do povoado Campo do Crioulo, de onde a reportagem do Portal Lagartense recebeu diversos relatos informando que algumas pessoas que não deveriam receber o imunizante acabaram furando a fila da vacinação.
Segundo os relatos recebidos, durante a execução da campanha de vacinação no povoado Campo do Crioulo, cidadãos que nunca residiram na comunidade, que eram dos municípios de Aracaju, Pedrinhas e de outros lugares estavam recebendo o imunizante no lugar dos quilombolas que ali residem.
“Os agentes de saúde fizeram a lista correta das pessoas que estavam no cadastro e pessoas da Educação, como a diretora da escola e outros, colocaram o povo. Tanto que quando houve a denúncia, ligaram imediatamente para a escola onde estava tendo a vacinação e mandaram parar e dar somente a quem estava na lista”, disse uma cidadã que encaminhou um vídeo gravado no ponto de vacinação à nossa reportagem.
Prefeitura nega ocorrência de ‘fura-fila’
Procurado pela reportagem do Portal Lagartense, o Gerente de Imunização e Rede de Frios da Secretaria Municipal de Saúde de Lagarto, Carlos Carvalho, explicou que a lista de pessoas a serem imunizadas foi produzida através de uma parceria entre as lideranças comunitárias e as Equipes de Saúde da Família. Uma vez que eles possuem maior conhecimento sobre a realidade local.
Carlos ainda explicou que tudo seguiu conforme o estabelecido pelo Ministério da Saúde. “Ele determinou que era para vacinar quem habita em comunidade quilombola. Então iniciamos a vacinação em quem mora na comunidade, mas como houve uma pressão da população, decidimos ampliar para quem participa do dia a dia da comunidade. Porque uma coisa é você nascer em comunidade quilombola e ir embora, e outra é nascer em outro lugar e conviver em comunidade quilombola. Neste último caso, a pessoa passa a ser inserida no contexto”, argumentou.
Mesmo assim, Carlos Carvalho observou que as denúncias foram motivadas por “situações pontuais”, as quais serão devidamente investigadas pelo Município. “Essa moça que gravou o vídeo, por exemplo, nasceu na comunidade e foi embora, enquanto outras pessoas que são de fora convivem lá”, observou. E completou: “Não podemos dizer que vacinamos errado, porque recebemos a lista da própria comunidade. Além disso, recebemos ligações dizendo que estávamos vacinando gente de lá mesmo e se fosse gente de fora, a gente não iria permitir.”