Estima-se que, atualmente, cerca de 265 mil refugiados e migrantes venezuelanos vivam no Brasil. Desse total, 7.498 estão nos 13 abrigos temporários que fazem parte da Operação Acolhida, em Roraima, e a maior parte deles aguarda para ser interiorizada, ou seja, mudar para outros lugares do Brasil.
Um deles é Israel Alvarez de Armas, de 73 anos, que mora lá acompanhado da esposa, a psicóloga Olga Pinto. Advogado de direitos humanos e autor de 19 livros, ele chegou em abril de 2019 em busca de asilo político.
“Eu era inimigo por ser advogado contra o governo de [Hugo] Chávez e, por isso, solicitei asilo político no Brasil. Há uma repressão na Venezuela, e aquilo não tem nome”, diz.
Israel e Olga estão juntos há 32 anos. Eles tiveram um filho que morreu de câncer. No início do mês, eles, finalmente, se casaram no Brasil. O casal sonha em voltar a trabalhar nas suas áreas de formação. E também buscam um tratamento psiquiátrico contínuo para Olga.
A venezuelana chegou ao Brasil somente em março de 2021, quando o marido já era reconhecido como refugiado. Na chegada em Pacaraima, ela acabou sendo deportada pela Polícia Federal.
“Reportamos o caso diretamente ao Ministério da Justiça, que reconheceu que a deportação foi indevida por se tratar da esposa de um refugiado já reconhecido”, explica Israel.
Porém, de acordo com o casal, desde então, ela tem crises de pânico e ansiedade. Eles contam que após um atendimento psiquiátrico, o médico lhes disse que o estado atual de saúde é resultado do impacto emocional dos problemas que Olga enfrentou.