Entre as decisões mais complicadas para qualquer pessoa nos dias atuais, seja ela física ou jurídica, está a obtenção de crédito. Num país com uma das maiores taxas de juros do mundo e um spread bancário ainda maior, o risco de assumir um empréstimo ganha proporções pouco animadoras, o que todos buscam é a melhor taxa de juros.
Nesse cenário, duas soluções têm se destacado entre empresas que possuem créditos a receber, sobretudo oriundos de vendas a prazo: a antecipação de recebíveis e o factoring.
Embora possuam resultados semelhantes, as duas operações apresentam estruturas distintas. A começar que a antecipação de recebíveis é uma transação bancária, realizada junto a instituições com registro junto ao Banco Central, enquanto o factoring consiste em um instrumento de fomento comercial.
Portanto, as duas modalidades cumprem regulações distintas e possuem custos e riscos diferentes também. Suas aplicações, contudo, são as mesmas. Ambas servem para antecipar o recebimento de pagamentos parcelados ou pós-datados, garantido fluxo de caixa a custos menores que os praticados no mercado de crédito.
Como funcionam essas operações
Na hora de escolher entre as duas opções, contudo, é preciso estar atento a questões práticas que derivam das diferenças estruturais entre a antecipação de recebíveis e o factoring.
Antecipação de recebíveis
A primeira, oferecida por instituições financeiras, usam os títulos de crédito como garantia da operação, podendo ser exigida a transferência das faturas para a financiadora antes da antecipação do pagamento.
Em outras palavras, a antecipação de recebíveis feita junto a instituições financeiras está próxima de um empréstimo no qual a garantia é a carta de crédito do cliente. Com base na avaliação desses recebíveis, o banco disponibiliza um valor descontando taxas e juros.
Factoring
Já o factoring tende a avaliar com maior atenção o histórico dos devedores da empresa que está solicitando a antecipação de recebíveis, uma vez que a transação consiste numa cessão de crédito por parte daquele que precisa levantar recursos.
Uma empresa adquire a carteira de crédito de outra, pagando à vista e com desconto de uma taxa de deságio, que inclui juros e risco de crédito. Essa operação pode envolver ainda a prestação de serviços de assessoria financeira e administrativa, caso em que se denomina factoringtrustee.
Taxas envolvidas
Em relação aos custos, as taxas cobradas tendem a ser maiores no factoring. Em 2014, por exemplo, a Associação Nacional de Fomento Comercial (Anfac) apontava uma taxa média praticada em operações de factoring no país de 3,93% ao mês, com taxas cobradas pelos serviços oferecidos variando de 0,5% a 3% do crédito total concedido.
Já as taxas nominais de juros — descontadas tarifas e tributos — cobradas pelos bancos apuradas pelo Banco Central naquela época encontravam-se entre 0,76% e 4,24% ao mês, com juros de descontos de cheques entre 1,59% e 4,49% ao mês.
Planejamento financeiro: a melhor estratégia
Ainda que seja uma opção mais barata quando comparada a outras formas de crédito existentes o mercado, a antecipação de recebíveis e o factoring exigem cuidados. Segundo analistas, esses são recursos que devem ser acionados de forma eventual, e a empresa precisa ter planejamento financeiro para não precisar antecipar o pagamento das vendas que realizou a prazo.
Além disso, é preciso ter cuidado para que a antecipação dos recebíveis não se torne uma bola de neve, comprometendo o fluxo de caixa no futuro. Para isso, é importante realizar um bom planejamento antes de antecipar qualquer recebível, independentemente da estratégia utilizada.
Somente sabendo o quanto de dinheiro a empresa precisa para acertar suas contas e como isso será feito é que o gestor poderá tomar a melhor decisão para solucionar os problemas do presente sem comprometer o futuro.