O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), realizou um novo pronunciamento na noite da última quarta-feira, 8, em que voltou a criticar o isolamento horizontal, afirmando que o governo federal deve se preocupar tanto em combater o novo coronavírus quanto o desemprego.
Bolsonaro também ressaltou que respeita a autonomia dos governadores e prefeitos e que as medidas restritivas adotadas são de suas responsabilidades. Entretanto, disse que o governo federal não foi consultado sobre a amplitude e duração dessas medidas.
Posteriormente, ele voltou a citar a fala do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmando que cada país tem suas particularidades e que, por isso, a solução não é a mesma para todos e que as pessoas mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. “O desemprego também leva à pobreza, à fome, à miséria, enfim, à própria morte”, disse o presidente.
Quarentena à politização
Entretanto, como divulgado pelo Portal Lagartense, o diretor-geral da OMS já havia explicado anteriormente, em suas redes sociais, que não estava defendendo o afrouxamento do isolamento social, mas que os governos desenvolvam políticas de proteção econômica para as pessoas que não podem ganhar ou trabalhar em meio à pandemia. E quando citou as particularidade de cada país, se referia justamente ao que cada governante poderia fazer em relação a isso.
Em seu pronunciamento mais recente, Adhanom afirmou que os líderes internacionais devem abandonar a politização do debate sobre a pandemia. “Se queremos acumular muito mais bolsas com corpos, então façam isso (politizar). Se não querem, não politizem. Quarentena à politização. Não precisam usar o vírus para ganhar pontos políticos. Vocês têm outras formas de fazer isso. Isso é brincar com fogo. Precisamos nos comportar. É assim que vamos vencer”, disse.
Hidroxicloroquina
Ainda em seu pronunciamento, Bolsonaro voltou a defender o tratamento com hidroxicloroquina em pacientes com a Covid-19 e disse que conversou com o cardiologista Roberto Kalil Filho e o mesmo teria afirmado que utilizou o medicamento e receitou aos seus pacientes, mesmo não tendo realizado todo o protocolo de testes, para não se arrepender no futuro e que essa decisão pode entrar para a história.
O presidente disse ainda que o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se comprometeu em enviar para o Brasil, até o próximo sábado, 11, matéria-prima para garantir que o país siga produzindo a hidroxicloroquina e para que possa utilizá-lo no tratamento a Civid-19 e a outras doenças.
Apesar das palavras do presidente, especialistas em saúde afirmam que os resultados com a utilização do medicamento são preliminares e que alguns casos individuais de sucesso não são suficientes para determinar se o tratamento é realmente seguro.
A hidroxicloroquina é um medicamento utilizado para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. Depois que o medicamento passou a ser considerado para o tratamento da Covid-19 pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a busca pelo medicamento cresceu exponencialmente em muitas farmácias, deixando muitos pacientes sem o medicamento utilizado para seus tratamentos.
Panelaços
Enquanto discursava, o presidente foi novamente alvo de panelaços em diversas capitais do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre.