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Celebração da 26ª Missa do Cangaço reforça a história do movimento em Sergipe

Centenas de pessoas participaram da Missa do Cangaço na Grota de Angicos / Foto: Autimira Meneses/Setur

Em 28 de julho de 1938, Virgulino Ferreira, o Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes do seu bando foram mortos em confronto com policiais liderados pelo tenente João Bezerra, comandante da volante. Há quase três décadas, a família de Lampião promove uma missa pelas suas almas no Monumento Natural Grota do Angico, entre os municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo, no alto sertão sergipano. Assim, na última sexta-feira, 28, foi realizada a 26ª edição da Missa do Cangaço, evento que objetiva, também, manter viva a história desse movimento no estado, possibilitando que as pessoas conheçam o contexto em que ele existiu.

O Mona Grota do Angico, por sua vez, é uma unidade de conservação estadual com mais de dois mil hectares de caatinga, vegetação típica da região, com ecossistema próprio relacionado a ela. A grota é a parte mais funda do riacho Angicos. Vale destacar que a junção do aspecto histórico com o turismo ocorre a partir do percurso por uma trilha de terra feito a pé, por onde Lampião e os cangaceiros passaram, tornando-se um roteiro ecoturístico de destaque na região.

A neta de Lampião, Vera Ferreira, idealizadora e organizadora da missa, explica que, desde a primeira edição, a intenção é preservar a história, transmiti-la para as pessoas e apresentar tudo isso no local onde os seus avós e mais nove companheiros foram mortos. “É gratificante ver a quantidade de pessoas aqui todos os anos, principalmente o público jovem. Infelizmente, isso não é ensinado nas escolas, e as pessoas têm uma ideia totalmente diferente do nosso movimento, assim como o de Antônio Conselheiro, por exemplo. Então, a Missa do Cangaço é uma forma de lançar uma semente. Essa é a minha intenção: manter a história viva”, destacou Vera Ferreira.

Dona Expedita Ferreira, única filha de Lampião e Maria Bonita, estava emocionada ao ver a participação de visitantes de vários estados no ato religioso. Aos 90 anos, ela participa da missa desde a primeira edição, e inclusive percorria a trilha, mas, devido a problemas nos joelhos surgidos há três anos, não acompanha mais o trajeto até a grota, onde a missa é celebrada. “É sempre uma honra participar e ver a quantidade de pessoas aqui”, ressaltou.

Na opinião do historiador e pesquisador Orlando Carvalho, o ato que relembra os 85 anos das mortes de Lampião, Maria Bonita e seus companheiros mostra que o cangaço continua vivo na memória das pessoas, na cultura, nas pesquisas e no turismo. “Isso representa o fim de uma era e o início de outra. Lampião, como todos sabem, morreu aqui, e o cangaço morreu com ele. Mas a história permanece viva, porque está no consciente popular. A prova disso é a quantidade de pessoas de várias partes do país que vêm participar da missa e celebrar a história do cangaço”, considerou.

Participação popular

Centenas de pessoas, entre elas, estudantes, pesquisadores e admiradores do cangaço, assim como amigos e familiares de Vera Ferreira, participaram do evento, cuja programação foi iniciada em Piranhas, Alagoas, a bordo de um catamarã pelas águas do Velho Chico. O destino foi o Cangaço EcoPark, onde a trilha até a Grota do Angico tem início.

Lá, os participantes foram recepcionados com uma salva de tiros do Batalhão de Bacamarteiros de Capela, município no leste sergipano, e com a apresentação da quadrilha junina Paixão Junina, de Santana do São Francisco, no baixo sertão. A Missa do Cangaço foi celebrada pelo Padre Carlos Eduardo, seguida por uma programação cultural com a apresentação dos Cangaceiros de Lampião, grupo folclórico de Capela, que fez encenação e declamações sobre a história do cangaço.

Da terceira geração da família do cangaceiro Luís Pedro, que também foi morto na emboscada com Lampião e Maria Bonita, Tony Clóvis disse que sempre participa do ato religioso. Ele ainda comenta que a relação de Luís Pedro com Lampião era muito forte, tendo ficado ao seu lado por cerca de 14 anos, conforme revelado por pesquisadores. “Embora já tivesse saído do confronto com a volante naquela emboscada, para Luís Pedro, era questão de honra morrer ao lado de Lampião. Isso me emociona. Então, como representante da família, participar dessa celebração é gratificante, pois o cangaço representa um dos momentos mais cruciais da história do Nordeste brasileiro. Isso aqui é uma história viva e que vai permanecer por gerações e gerações. Portanto, é claro, que sempre estarei presente na Missa do Cangaço”, destacou.

Pela primeira vez em Sergipe, o casal Antônio de Paiva Sales e Hérica Pinheiro Correa veio de Montalvânia, norte de Minas Gerais, para participar da Missa do Cangaço. Vestidos a caráter, usavam trajes caprichosamente confeccionados por eles mesmos para participar do ato histórico-cultural. Antônio explicou que, para fazer as vestes, se inspirou em livros de autores como Frederico Pernambucano e João de Lima.

Para o casal, prestigiar o evento, que considera tão importante para a cultura do país, foi uma experiência bastante interessante. “Toda a história que abrange o cangaço envolve a cultura do Nordeste, assim como a nossa infância, as músicas da nossa região, lendas que escutávamos. Então, trata-se de um projeto que já vínhamos trabalhando para estarmos aqui hoje, tendo o prazer, inclusive, de cumprimentar Dona Expedita e os familiares dela”, disse.

Hérica Correa, esposa de Antônio, argumentou que a história do cangaço também reforça a importância do amor, mesmo em um contexto difícil e lamentável. “É muito importante representar a força das mulheres em toda a sociedade. E teremos muitos anos pela frente para criar novas histórias com o que aprendemos dos mais antigos”, ponderou.

Realizando o sonho de participar pela primeira vez da Missa do Cangaço, o advogado Cristiano Calixto, de Campo Mourão, no Paraná, foi acompanhado da esposa, Maria Eugênia Calixto. Ao saber pela imprensa sobre a missa na Grota do Angico, não perdeu a oportunidade de participar. “Isso é um sonho de infância. E lá se vão mais de 50 anos que tenho vontade de vir à Grota do Angico, onde se deu o falecimento de Lampião, Maria Bonita e os companheiros dele. É muito emocionante realizar este sonho que acalentei desde muito novo. E estou mais feliz ainda em poder conhecer Dona Expedita, filha legítima de Lampião e Maria Bonita”, frisou.

Realização e apoios

Realizada pela Sociedade do Cangaço, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que tem como fundadora a jornalista Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, a 26ª Missa do Cangaço contou com o apoio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), Museu da Gente Sergipana, por meio do Instituto Banese, MFTur, Colégio Purificação, Shopping da Pedra, localizado no município de Delmiro Gouveia (AL) e Carmo Energy S.A.

Fonte: Governo de SE

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