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Cordelista Ivaldo Batista publica obra sobre Lampião e Silvino

O cordelista pernambucano Ivaldo Batista, popularmente chamado de Missionário do Cordel, publicou um cordel sobre os cangaceiros Lampião e Silvino.

Ivaldo Batista passou a ser chamado de cordelista biógrafo, por já ter contado a história de grandes personagens, como Pelé, Roberto Carlos, Silvio Santos, Chico Buarque, Benito de Paula, Flávio José, Ariano Suassuna, Monteiro Lobato, Fernando Pessoa e José Saramago, em seus folhetos.

Confira a homenagem a Lampião e Silvino:

LAMPIÃO E SILVINO

Eu só vou chamar de Rei do Cangaço, se o cabra entrou em Caruaru

Autor: IVALDO BATISTA

 

Quem foi o “Rei do Cangaço”

Você pode responder

Silvino e Virgolino

Estão querendo saber

Na capa eles te olhando

Os dois estão aguardando

Somente você dizer.

 

Fale logo sem tremer

Eles são impacientes

O mundo todo conhece

E sabe que são valentes

Cada qual com seus legados

Ainda são estudados

E têm as mesmas patentes.

 

Eles dois são insurgentes

E da mesma região

Das bandas do Pajeú

Cada qual em seu torrão

Foi num Estado ausente

O quengo de um povo quente

Entrou em ebulição.

 

Lampião foi capitão

Os livros já registraram

Mas o Antonio Silvino

Conforme já pesquisaram

Pode ter sido o melhor

Onde o melhor é o pior

Entre eles acordaram.

 

Se em vida se encontraram

Não posso afirmar aqui

Mas lá na eternidade

Não param de discutir

Se tão no céu ou inferno

De jaqueta ou de terno

Cabe a você decidir.

 

Eu até posso os ouvir

Gabando se dos seus feitos

Das cidades que invadiram

Azucrinando os prefeitos

Sentindo-se os maiorais

Nos conflitos sociais

Protestando por direitos.

 

Compreendi os seus pleitos

Mas pra a gente votar

Vou fazer a narrativa

Pra poder apresentar

Um pouco De Virgolino

Também Antônio Silvino

Aqui passo a contar.

 

Ouvi Silvino falar

Dizer ser o Capitão

Ele foi “Rifle de ouro”

Conhecido no Sertão

Ele é quem nasceu primeiro

E morreu por derradeiro

Viveu mais que Lampião.

 

Andou toda região

Do sertão ao litoral

Não foi só no Pajeú

Passeou na capital

Também em Caruaru

Só faltou ele andar nu

Diz que foi o maioral.

 

O seu nome afinal

É o MANOEL BATISTA

DE MORAIS ou “Batistinha”

“Nezinho” consta na lista

Quando selou seu destino

Virou Antônio Silvino

Alcunha ou nome de artista.

 

Nascido em Afogados

Da Ingazeira o menino

Pacato e trabalhador

Nesse solo nordestino

Nasceu dia de finado

Como se desse um recado

Deu ao Razão João Calvino.

 

No dia dois de novembro

O sertão pernambucano

No ano setenta e cinco (1875)

Nasceu este ser humano

Cuja infância foi mansa

Mas aliado a vingança

Na vida mudou seu plano.

 

No dia trinta de julho

Do ano quarenta e quatro (1944)

Aos sessenta e oito anos

Como tantos idolatro

Terminou sua missão

Cessou apresentação

Como peça de teatro.

 

O cangaceiro SILVINO

Foi ferido num embate

Mil novecentos e quatorze

Foi seu último combate

Foi bem no fim de novembro

A data aqui eu lembro

Defendo em qualquer debate.

 

Num tiroteio ocorrido

Silvino foi baleado

Lá na FAZENDA “LAGOA

DE LAJE” foi alvejado

Onde é FREI MIGUELINHO

TAQUARITINGA é pertinho

No tempo era ligado.

 

Silvino foi transportado

Ferido o peito em chama

Indo pra CARUARU

Passando por TORITAMA

Ano da Primeira Guerra

A carreira dele encerra

Numa rede feito cama.

 

Foi num trem da GREAT WESTERN

Saindo da estação

CARUARU ao RECIFE

Pra casa de detenção

Ficando em uma cela

Um terço da vida nela

Foi vinte e três na prisão.

 

Obteve o perdão

No ano de Trinta e sete (1937)

Parece que Seu Getúlio

Vargas tornou-se tiete

Deu indulto ao bandoleiro

Nordestino cangaceiro

Ligeiro virou manchete.

 

Saiu com sessenta anos

Deu adeus a solitária

Pagou por todos seus crimes

A decisão foi sumária

Sua vida só termina

Na casa de TEODULINA

Mas é figura lendária.

 

No chão de CAMPINA GRANDE

O seu restinho de vida

Com sessenta e oito anos

Foi da sua despedida

Ele jaz no monte santo

Encanta-me e me espanto

Essa figura é querida.

 

Virgolino diz que é ele

Governador do sertão

Que fez muita arruaça

Mas nunca foi pra prisão

Nos cartórios há sentenças

Ele sem fazer ofensas

Disse ser o capitão.

 

Tá certo que em Mossoró

Não deu pra ir e correu

Mas salvou a sua pele

E nos sertões percorreu

Ajudando aos mais pobres

Só roubou ouros e cobres

Daquele que mereceu.

 

Nasceu lá em Vila Bela

O Famoso cangaceiro

Serra Talhada Pêé

No Nordeste brasileiro

Era um jovem pacato

Andava por esse mato

Sendo almocreve ordeiro.

 

No ano noventa e sete (1897)

Sete de julho nasceu

Em vinte e oito de julho

De trinta e oito morreu

Só quarenta e um anos

Contados não há enganos

O Virgolino viveu.

 

Foi na Grota de Angicos

Poço Redondo Sergipe

Morria ali Lampião

E parte de sua equipe

Sofrendo uma emboscada

A vida dele é ceifada

No cordel só fiz um clipe.

 

Você leitor participe

Qual a sua opinião

Esses dois vivem brigando

Até hoje há discussão

Silvino ou Virgolino

Sobre qual deles ensino

Ser o maior sertão.

 

Quem é o Rei do Cangaço

Confesso estou confuso

Cada um deles se gaba

Opinar eu me recuso

Os dois são cabras da peste

E mandaram no Nordeste

Na briga me sinto intruso.

 

Virgolino e Silvino

Muitas vezes nos jornais

É mostrado em suas lutas

Interesses pessoais

Ao povo jamais é dito

Razões nas quais acredito

Suas causas sociais.

 

Na memória de um povo

Isso não tá resolvido

O Estado quer taxar

Cangaceiro é bandido

Não merece confiança

Agiu sempre por vingança

Mas Lampião é querido.

 

Tá mais que esclarecido

Acerca do banditismo

Nessas lutas sociais

Ignorem o romantismo

Resultou da exploração

Da omissão da nação

Frente ao coronelismo.

 

Se existe uma peleja

De Silvino e Lampião

Quem comandou as caatingas

Ou foi cavalo do cão

Quem é o Rei do Cangaço

Eles que saiam no braço

Pra decidir a questão.

 

Não me meto nesta não

Eu finalizo o debate

Se eu tivesse diante

Desses dois dava um empate

Você leitor que é rochedo

Qualquer um que não tem medo

Que faça o desempate.

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