O Instituto Médico Legal (IML) já realizou a exumação dos corpos dos bebês que foram entregues equivocadamente à duas famílias no fim de dezembro do ano passado na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Na manhã desta sexta-feira, 19, o ato de “desenterro” foi efetuado no Cemitério São João Batista para a identificação das crianças.

O diretor do IML, José Aparecido Cardoso, informou que existem procedimentos que podem antecipar o resultado do teste. “A finalidade é dar uma conclusão precisa para o laudo. Vamos tentar promover a identificação pelas odontolegistas, que também cuidarão do caso pela ficha da maternidade. A gente sabe que o bebê quando nasce, tem a impressão dos pés. Se ainda houver condições de comparar, é uma forma de reconhecer cada um. Eles têm caráter conclusivo, mas iremos aguardar o DNA”, disse.

O exame será feito na cidade de Salvador e a expectativa é de que o resultado seja divulgado em até 30 dias. As amostras serão coletadas de membros das duas famílias na próxima terça-feira, 23.

O delegado da 8º DM, Fernando Melo, esteve no local e contou que o inquérito policial está praticamente finalizado. “Está concluído que não houve crime algum, apenas um mero erro administrativo”.

Familiares acompanham

Os familiares das crianças acompanharam o processo de exumação. A mãe dos gêmeos, Wilza dos Santos, citou o constrangimento causado pelo equívoco. “Deram para mim o filho de outro casal e enterrei pensando que eram os meus. Soube de tudo pela televisão, minha sogra me alertou. É duro, foram meus primeiros filhos homens. É triste, a gente já cria amor pelas crianças. Nem me disseram que seria hoje a exumação. Além de perder o filho, ainda precisamos passar por isso”, lamentou.

Bruno Sotero, pai do outro bebê, falou que alívio só será sentido quando o caso for encerrado. “É um processo lento, que não depende da gente. Temos que aguardar, a angústia continua a mesma, até ter o resultado. Não foi erro de uma pessoa só, vimos muitos erros com a gente e outros pacientes. A culpa não é de uma só. Quero que os culpados sejam punidos da forma correta, não desejo mal a ninguém, mas ela tem que existir”, cobrou.

SES

Nossa equipe tentou conversar com o secretário estadual de Saúde, Almeida Lima, mas sem sucesso. A assessoria de Comunicação SES informou que medidas administrativas contra os responsáveis pelo erro só serão tomadas após conclusão efetiva do inquérito policial, pois a comissão de sindicância dependerá dos autos que constam no relatório para avaliar as punições.

A troca

O problema começou no dia 23 de dezembro, às 6h15, quando a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) deu entrada com três corpos em seu próprio necrotério, um oriundo de parto singular e dois irmãos gêmeos.

No ato de entrega dos corpos dos irmãos à mãe que aconteceu a confusão, sendo entregue apenas um dos gêmeos e o filho de Bruno Sotero e Wedja Nunes. No último dia 30, quando o casal tentou retirar o corpo do bebê, que morreu prematuro, foi surpreendido com a declaração de servidores de que não haviam encontrado a criança, tendo ficado no necrotério o outro gêmeo.

Fonte: Infonet