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Anderson: O lagartense que é esperança na final do Campeonato Mineiro

Anderson é peça fundamental na defesa americana — Foto: Flickr América

Da infância difícil no povoado Brasília, distrito de Lagarto, no interior do Sergipe e 70km distante da capital Aracaju, em um bairro repleto de violência e ponto de drogas, para o sonho de se tornar jogador de futebol profissional realizado. Titular do América em uma das melhores temporadas da história do clube, com a inédita semifinal de Copa do Brasil e volta para a elite do Brasileiro, o zagueiro Anderson é uma das esperanças do Coelho para conter o poderoso ataque do Atlético na final do Campeonato Mineiro. E conquistar o título estadual passando por um favorito com mais investimento está longe de ser uma missão impossível para quem superou o que parecia insuperável ao longo da vida, ignorando qualquer possibilidade de limite.

Anderson é peça fundamental na defesa americana (Foto: Flickr América)

Autor da frase que abre o texto, o defensor, em entrevista exclusiva ao Super.FC, revela um começo de trajetória complicado. “Foi tudo muito difícil. Minha família é mais simples, trabalhadora, da zona rural. Eu e meu irmão desde crianças trabalhamos na lavoura, cuidando de laranja, catando acerola, minha mãe raspando mandioca, meu pai cavando poço… Também já trabalhei com material de construção, fiz vários bicos. Tudo que você pensar, eu já fiz nessa vida. E era tudo muito difícil pelo local que a gente vivia. Era interior de Sergipe, não tinha possibilidade de você poder ser alguém melhor na vida, crescer, dar um salto na vida. Ao redor, também não era fácil. Te digo que 70, 80% das crianças foram para um caminho ruim. A parte do bairro em que a gente vivia, era a mais pesada em violência e ponto de drogas. O nosso pai, quando a gente era novo, bebia muito também”, conta Anderson.

Segundo o zagueiro, porém, seu pai também sempre trabalhou para que não faltasse condições básicas em casa, e as coisas melhoraram depois que eles se mudaram do bairro onde ele viveu os primeiros anos de vida.

“Meus pais moram no mesmo bairro, mas a casa não é a mesma. Meus pais se separaram quando eu era bem novo. Quando eu tinha uns seis anos, minha mãe vendeu a casa em que a gente morava, mas seguiu no mesmo bairro. A gente foi para o outro lado do bairro, que era menos perigoso e tinha menos crime. O meu pai também vendeu a casa dele e foi morar um pouco perto da gente. Essa mudança foi boa. Meu pai também sempre cuidou para que não faltasse nada para a gente. Ele seguiu, e segue até hoje, trabalhando. Ajudo ele, mas ele, às vezes, não gosta, porque quer ser independente, ter o dinheiro dele mesmo, conquistar as coisas dele sozinho. Ele não teve ajuda de ninguém, foi sozinho, e ajudava eu e meu irmão mesmo quando a gente saiu do interior para jogar futebol e morava na concentração do Confiança, sempre dando dinheiro para gente e ajudando para não ficarmos sem nada”, relembra o zagueiro.

Mesmo com os problemas na infância, Anderson sente saudades e mantém contato com os amigos desse tempo. “Tenho muita saudade do Nordeste e da minha família. Meus pais seguem morando lá, minha filha de outro casamento, minhas irmãs, meus amigos mais próximos, de infância. Meus pais, aliás, saem muito pouco de lá, porque têm medo de avião, então quase não saem do Sergipe. É muito difícil, sinto muita falta de estar perto deles. Meus pais não querem sair do interior do Sergipe de jeito nenhum, nem por casa de praia ou morar na capital. Pode dar o que for”, diz.

“A gente não pode esquecer de onde veio e quem sempre esteve com a gente desde o início. Apesar de que poucos acreditavam em mim, no esforço meu e do meu irmão, do meu pai, que manteve a gente. Poucos acreditaram na gente. Mantenho contato com todos, converso, mas com três amigos de infância, de verdade, que sempre acreditaram na gente, é diferente, seguimos próximos até hoje”, completa, antes de mostrar a paixão pela terra natal.

“Gosto muito da cultura do Nordeste, da vaquejada, também da criação de gado, de arrocha, do pagodão baiano, da Pisadinha, que agora está estourando no Brasil inteiro. Amo a cultura do Nordeste e tenho muita saudade”, conclui.

Passagem pelo Galo

A decisão estadual de 2021 ainda será especial para o defensor porque ele reencontrará um clube importante em sua trajetória, o Atlético. Em 2015, Anderson defendeu o sub-20 alvinegro, formando dupla de zaga com Gabriel, hoje reserva do Galo. A experiência foi marcante na vida do zagueiro que, cinco anos depois, voltou para Belo Horizonte.

“Disputei campeonatos aqui e fora do Brasil. Depois, em 2016, fui emprestado para o Guarani de Divinópolis para disputar o Mineiro. Eu nunca tinha saído do Sergipe, foi minha primeira experiência fora. Foi uma experiência muito bacana defender uma grande camisa como a do Atlético. Só não boa a parte do frio (risos), que não estava acostumado. Mas fiquei muito feliz pela oportunidade, foi muito bacana, cresci muito. A estrutura do Atlético é uma coisa de outro mundo, nunca tinha visto. Agora estou em BH novamente, mas defendendo o manto sagrado do América. Estou muito feliz pela oportunidade que o América está me dando”, celebra.

Quanto ao clássico, Anderson reconhece o favoritismo alvinegro, mas confia na força do Coelho. “O Atlético é favorito, mas vamos lutar e temos totais condições de ser campeão e vencer. Futebol é 11 contra 11. Sabemos que não vai ser fácil, mas temos um grupo forte, qualificado e tudo pode acontecer dentro de campo. Temos nossos pés no chão e vamos ver o que vai acontecer dentro de campo na final”, afirma.

Melhor fase

A confiança se explica não só pelo bom momento coletivo do América de Lisca, mas também pela fase individual de Anderson, peça fundamental na defesa do Coelho. Ele, inclusive, considera a melhor de sua carreira.

“Está sendo um momento muito especial na minha carreira. Considero o melhor da minha carreira profissional. Já tive dois anos em que tive bons momentos, mas acredito que nessa vinda ao América tive uma sequência melhor de jogos e resultados, não só individuais, mas também coletivos. Está tudo dando certo. Estou muito feliz em estar representando bem o clube bem e a nação americana. Todos os jogadores estão fazendo a sua parte para que o América possa crescer ainda mais no cenário do futebol brasileiro”, opina.

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