Quem frequenta as praias do litoral de Sergipe já deve ter se deparado com alguma água-viva ou caravela. De acordo com o médico dermatologista, Bruno Magalhães, esses animais são peçonhentos como escorpião e cobra, e produzem um veneno que é introduzido no organismo pelo dispositivo de inoculação, que no caso das águas-vivas e caravelas são os tentáculos. Através desse contato, explica o especialista, substâncias urticantes causam irritação e em muitos casos uma reação inflamatória anafilática, se a pessoa tiver alergia.
“Assim que há o contato, não se deve lavar com água doce [a água doce potencializa o veneno, porque mantém um PH ideal para que ele penetrar ainda mais], mas sim lavar com a própria água do mar. Conseguir retirar o animal da pele é importante, pois quanto maior o tempo de exposição, maior a penetração, e quanto maior o acometimento da pele, maior é o efeito negativo. Após a retirada, se possível aplicar vinagre e uma compressa morna”, orienta o dermatologista.
A orientação de não aplicar compressa gelada visa dificultar o transporte do veneno na corrente sanguínea. “O veneno é acoplado com uma proteína transportadora, e essa ligação proteica não resiste à temperatura. Na bioquímica, no processo de desnaturação é isso, o aquecimento que quebra o transporte do veneno fazendo com que ele não se desloque no sangue. Se o veneno é depositado no sangue e vai ganhando força de penetração, maior será a irritação e uma resposta de defesa do corpo. E quando essa resposta é muito exacerbada, vêm as reações de anafilaxia, e dependendo da região o risco é ainda maior”, alerta o médico.
Sintomas e avaliação médica
Entre os primeiros sintomas após o contato com a água-viva ou caravela estão a irritação, vermelhidão e desconforto local. A orientação é que se tenha avaliação médica, para a investigação de todos os sinais de resposta do corpo diante do contato com o animal.
São sinais alérgicos: olhos e boca inchados e placas vermelhas com prurido. Pacientes com esses sintomas devem ser encaminhados imediatamente para o pronto socorro, principalmente em acidentes com crianças, pois a superfície corporal é menor.
“Quando há essas manifestações no corpo, fora do local de inoculação da água viva ou inchaço nos olhos e lábios, é preciso aplicar medidas como corticoides, adrenalina subcutânea, para tratar e interromper essa reação muito exacerbada”, explica Bruno Magalhães.
Cuidados
Para evitar o contato é importante prestar atenção à faixa de areia, manter-se atendo ao adentrar o mar e, acontecendo o acidente, seguir as orientações de primeiros socorros.
- – Não lavar com água doce;
- – Não usar álcool ou urina;
- – Não esfregar a região do ferimento;
- – Lavar com a água do mar;
- – Se possível, aplicar vinagre;
- – Aplicar compressas de água morna
Fonte: G1 SE