Na última terça-feira, 13, o Governo de Sergipe reconheceu o grupo lagartense “Os Parafusos” como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado. O ato foi oficializado por meio de lei publicada no Diário Oficial do Estado de Sergipe.
A medida ocorre um ano depois do Município de Lagarto ter reconhecido o grupo como um patrimônio de todos os lagartenses. Na época, o reconhecimento não mudou muita coisa. Uma vez que, para Maria Ione, presidente da Associação Folclórica de Lagarto (Asflag), Os Parafusos já eram um patrimônio todo o Sergipe.
Segundo o historiador e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Dr. Claudefranklin Monteiro, em escrito divulgado no Blogger História e Cultura de Lagarto, Os Parafusos tornaram-se nacionalmente conhecidos quando foram convidados para participar do Festival de Folclore de Olímpia, em 1980.
“Não há quem não se contagie com as peripécias acrobáticas de seus brincantes, exclusivamente homens. Talvez porque no início eram homens negros e escravos que roubavam às vestes das sinhazinhas, quando estas quaravam à luz da lua cheia, para disfarçados fantasmagoricamente fugirem dos capitães do mato”, escreveu Monteiro em sua crônica.
Grupo Parafusos: De acordo com o Museu da Gente Sergipana, a história do Parafuso remete ao período colonial, no cenário dos engenhos, onde escravos sonhavam com a liberdade nos quilombos, para escapar do sofrimento. Procurando chegar ao quilombo, escravos em fuga, usavam as anáguas das sinhás, roubadas dos quaradouros. Para camuflar o corpo, colocavam várias anáguas, umas sobre as outras desde o pescoço, pintando o rosto com tabatinga, compondo o disfarce final com um chapéu em formato de cone, igualmente branco. Assim, nas noites de lua se arriscavam pelos canaviais despertando o imaginário popular que consideravam estar vendo visagens ou almas do outro mundo.