Hilda Ribeiro há pouco tempo era vice-prefeita, em muitos casos um cargo relegado ao secundarismo na administração pública. Porém assume os holofotes político quando ocupa o lugar do prefeito ou prefeita em casos como o de Lagarto. E quais são os desafios que um agente político até então pouco falado na imprensa tem pela frente?
Num município com mais de cem mil habitantes e com a efervescência política a mil como Lagarto, eles se tornam ainda mais espinhosos. Juntando problemas administrativos, a imagem do município no estado, a política e o cotidiano, o Portal Lagartense elencou três deles.
1. Secretariado. Vamos começar com um ponto positivo – não será assim sempre, para deixar avisado o leitor oposicionista. Trocar a família Monteiro das secretarias municipais não é algo fácil. São gestores que receberam poucas críticas tanto na primeira gestão, 2009/2012, quanto agora. Mas a Prefeitura, sob o comando de Hilda, esposa do deputado federal Gustinho Ribeiro, não podia continuar “batutada” em maioria pelos confiados de Valmir. Impossível gerir dessa forma com a maneira pessoal que cada um tem.
O que ela fez? Mudou todo o secretariado. É claro que não vamos analisar um por um. Mas, genericamente, a escolha foi técnica. E foi. As ligações políticas existem, como devem existir, mas a prioridade foi de fato tecnicista. Bolsonaro prometeu o mesmo, mas não cumpriu em nenhum ministério. Na equipe Hilda tem profissionais formados até no exterior. As qualificações e experiências são muitas e a relevância pessoal e o respaldo público também. Exemplos são o coronel Jackson do Nascimento, ex-comandante geral da PM/SE, e Eduardo Maia, presidente seccional da OAB/SE. Há de se destacar também a presença de um concursado municipal na Procuradoria Geral, Victor Barreto.
2. Os problemas administrativos se misturam com a imagem repercutida do município no estado de Sergipe. A prisão de Valmir Monteiro por suspeita de desvios no matadouro acabou deixando o cenário político lagartense neste momento questionável. Como fazer para reerguer a boa visibilidade há décadas construída? Até então ela nada governou. O primeiro mês, em dezembro, não foi passível de avaliação. Podemos até pensar que nesse quesito existe uma linha tênue entre o sucesso e o fracasso: ela pode se tornar o ícone político de carisma e ação – em se tratando de prefeitura – dos lagartenses nessa orfanidade deixada por Valmir, agora, e pelos saramandaias desde a derrota na eleição de 2016. Se ela resolver o “bolo” administrativo durante sua estadia no gabinete, penderá para o flanco positivo. Mas se Lagarto continuar com os mesmos encalços, inevitavelmente cairá para o flanco da desesperança política.
3. O certo é que o rompimento Valmir/Gustinho aconteceu nesses últimos dias. Por mais que o papo seja “para o bem da administração”, a mudança de grupo no comando da prefeitura de Lagarto traz com ela um cenário novo para 2020. Nela, há quem pense que os saramandaias saíram na frente neste momento. Mas a oscilação política, principalmente em Lagarto, pode nos trazer novidades. O que Hilda tem pela frente é suplantar no município a figura de Gustinho, que sempre pensou em voar alto na política do estado. Ou falhar nisso. Com o revertério, novas articulações nasceram e nascerão. As sombras dos ensejos lagartenses de mudança podem nascer também com isso. Do contrário, colocar Lagarto novamente no espaço do álbum de figurinhas que sempre ocupou: o cromo de colecionar, estático e simplesmente histórico.