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Síndrome de deficiência energética altera humor, sono e gera queda de rendimento

Síndrome RED-S pode afetar o desempenho esportivo em atleta de corridas longas (Foto: Getty Images)

O número cada vez maior de pessoas praticando atividades físicas das mais diversas modalidades em busca de saúde, tratamento e prevenção de doenças e de um corpo ideal é um fato inegável. O incremento da internet e o surgimento das redes sociais do início dos anos 2000 tem auxiliado cada vez mais a trazer informações com dicas de treinamento, nutrição e princípios de medicina do esporte. Infelizmente, nem todas a fontes de informação são confiáveis e algumas delas são passadas ou interpretadas de maneira equivocada, levando a erros de treinamento e sobrecargas fisiológicas.

Síndrome RED-S pode afetar o desempenho esportivo em atleta de corridas longas (Foto: Getty Images)
Síndrome RED-S pode afetar o desempenho esportivo em atleta de corridas longas (Foto: Getty Images)

A busca de um rendimento esportivo cada vez mais alto e aliado a um corpo perfeito tem levado muitos atletas a uma síndrome recentemente descrita no último consenso mundial do Comitê Olímpico em 2016, denominada síndrome RED-S (Relative Energy Deficiency in Sport) ou síndrome de deficiência energética relativa no esporte.

No ano de 2005, o mesmo Comitê publicou sobre a tríade da mulher atleta, que acarretava em distúrbios menstruais, osteopenia e problemas alimentares. Com o melhor entendimento do funcionamento do corpo humano aos altos volumes de treinamento e adequação alimentar, foi descoberto que a síndrome outrora exclusiva às mulheres se estendeu aos homens.

A síndrome se baseia na inadequação do balanço energético para a modalidade que se pratica, em geral abaixo de 45 Kcal/kg quilo por dia, especialmente nas modalidades de endurance, como a maratona ou Ironman (triatlo longo). Pesquisas mostram que desordens alimentares que incluem anorexia, distorção da imagem corporal e bulimia tem prevalência de 13 a 20% de adolescentes atletas de elite e em 5 a 8% de atletas adultos. A baixa ingestão calórico-proteica levaria a alterações hormonais, principalmente do hormônio luteinizante (LH), secretado pela hipófise, levando alterações menstruais, denominadas “oligomenorreia”, que muitas vezes é considerado normal entre as atletas.

Acredita-se também que a quantidade aumentada de endorfina levaria uma redução do hormônio regulatório do LH e FSH secretado pelo hipotálamo, denominado GNRH. Por esse motivo, os distúrbios menstruais desta síndrome estão sendo descritos como “amenorreia hipotalâmica”. Além do LH, outros hormônios como o do crescimento (GH), IGF1, Grelina e Leptina também se mostram alterados.

Portadores da síndrome, aos poucos vão desenvolvendo outras alterações, incluindo anemia, fadiga crônica e aumento do risco de infecções, além de alterações no perfil lipídicos e alteração da função vascular com aumento do risco cardiovascular de infarto e derrame cerebrais.

A perda da massa óssea total, cujo pico ocorre aos 19 anos em mulheres e aos 21 em homens, sofre efeito catabólico (enfraquecimento), muitas vezes de difícil reversão. Isso leva ao aumento do risco de fraturas de estresse, algumas delas de alto risco de tratamento cirúrgico em sua grande maioria e podem ter consequências graves a longo prazo, muitas vezes comprometendo definitivamente a carreira promissora em adolescentes.

E nos homens?

Apesar de ter prevalência no sexo feminino, nos homens a categoria esportiva predominante é o ciclismo, seguido do atletismo e salto. Assim como nas mulheres, a baixa ingestão calórico-proteica reduz a taxa de testosterona causando perda muscular e redução da massa óssea.

Diagnóstico

É difícil e deve ser sempre de exclusão. Outras patologias clínicas devem ser sempre investigadas em primeiro lugar e alterações menstruais devem sempre ser avaliados por um ginecologista de confiança. A síndrome começa com alterações de humor e sono, queda de rendimento, aumento do número de lesões osteo-articulares, redução da taxa de crescimento em adolescentes, perda exagerada de peso e alterações menstruais que coincidem com pico de aumento de volume de treino.

Alterações nos exames laboratoriais e na densitometria óssea (DXA) auxiliam no diagnóstico. Recentemente o questionário hábitos alimentares denominado “Questionário rápido de desordens alimentares de atletas” (BEDA-Q) foi validado e tem sido utilizado como importante ferramenta, não só no diagnostico, mas também no seguimento de atletas.

Tratamento

Envolve adequação da taxa proteico-calórica e das consequências causadas pela síndrome, como infecções crônicas e fraturas estresse. Na forma ideal, o atleta deve ser acompanhado por equipe multidisciplinar envolvendo nutricionista, psicólogos, fisioterapeutas, médico do esporte, endocrinologista e ginecologista.

Uma vez tratados, espera se regularização menstrual e normalização das taxas de massa óssea dentro de dois a seis meses. Muitas vezes a redução ou afastamento do esporte são necessários por determinado período. O retorno deve ser gradual e acompanhado de perto pelo médico do esporte, dosando o volume de treino e prevenindo a recidiva.

Posso ter isso?

A síndrome pode ocorrer em qualquer pessoa que que pratique esportes em alto volume. Para os atletas amadores que praticam esportes em alto rendimento aqui vai algumas dicas:

  • Consulte sempre um médico do esporte para que a prescrição do exercício atenda às suas necessidades.
  • Realize sempre adequação energética por um nutrólogo ou nutricionista que estejam atuando de maneira harmônica ao médico do esporte e ao treinador.
  • Nunca faça sua própria periodização de treino. Apesar de planilhas serem facilmente baixadas na internet, elas podem não serem ideais para você.
  • Jamais crie hábitos alimentares baseados em dicas de blogueiros. Muitos não têm a menor noção do que estou escrevendo e apenas copiam outras pessoas.
  • Não tenha tanta preocupação com sua imagem corporal. Corpos muito bonitos podem não ser necessariamente funcionais para o esporte que você pratica.
 

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

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