Quase uma semana depois de um incêndio atingir a principal subestação de energia do Amapá, a população ainda enfrenta dificuldades no fornecimento de eletricidade.
A segunda-feira (9) foi de agências bancárias lotadas. Elas estavam fechadas desde quarta-feira da semana passada (4). Com tanta procura, foi difícil conseguir atendimento. “Está assim, sem condição de sacar dinheiro, liberar senha, cheque. A gente não está conseguindo fazer nada, gente”, lamenta Heloísa Brito, radiologista.
Esta segunda é o terceiro dia de racionamento de energia. Moradores afirmam que o rodízio de seis em seis horas não está sendo cumprido. “Chegou 18 horas, foi embora 20 horas, e retornou às 4 horas da manhã, e foi embora às 6h30 de novo”, conta Adonildon Oliveira, professor.
A Companhia de Eletricidade do Amapá declarou que está corrigindo as falhas. O comércio acumula prejuízos. A água voltou a cair nas torneiras, mas ainda não chegou para todo mundo. “É muito ruim para gente dormir aqui, é muito calor, é muita quentura. A água é desse jeito aqui, não tem água”, diz Conceição.
Os centros de distribuição de água estão recebendo geradores para melhorar o fornecimento. A subestação de energia que pegou fogo na semana passada depois de ser atingida por um raio funcionava com dois transformadores, quando a norma é ter um terceiro como reserva pronto para entrar em operação. O equipamento até existe, mas está esperando há quase um ano manutenção.
A Companhia de Eletricidade do Amapá, que recebe a energia da subestação e a distribui no estado, confirmou o problema no transformador.
“Esse transformador estava há dez, onze meses em uma discussão com a empresa fabricante desse equipamento por causa de uma questão de garantia que a gente não sabe precisar direito, e que, portanto, não estava disponível em um momento em que deveria estar de backup a essa situação”, explica Marcos Pereira, presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá.
Uma decisão da Justiça Federal no Amapá determina que a empresa contratada pelo governo federal e responsável pela subestação, apresente até esta terça (10) a solução do problema, sob pena de multa de R$ 15 milhões.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse nesta segunda que não é possível tecnicamente cumprir a decisão judicial. Um transformador está sendo remanejado de uma subestação no sul do Amapá para Macapá para normalizar a distribuição de energia no estado. Mas o ministério afirmou que o equipamento pesa cerca de cem toneladas, e que é a operação de transporte é complexa.
Outros equipamentos devem ajudar a resolver o problema. “Geradores termelétricos estão chegando em Macapá, geradores de grande porte, e isso deverá ocorrer até quinta e sexta-feira. E então 100% do abastecimento do estado estará garantido”, disse.
O ministro afirmou também que “todas as garantias” para que as eleições municipais sejam realizadas no estado no próximo domingo (15) estão asseguradas.
A empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia, responsável pela subestação, afirmou que logo depois do incêndio, formou um grupo de trabalho com governo e órgãos competentes, que apesar da complexidade do sistema, conseguiu restabelecer parcialmente a energia no sábado e que continua trabalhando para solucionar o problema.