por Josailto Lima Portal JL Política
Aparentemente, José Valmir Monteiro, prefeito de Lagarto, é um homem duro. Pouco sensível. Mas isso fica somente na aparência. Na casca. Porque no âmago, é um sujeito permeado por uma certa sensibilidade social que ele não se preocupa em negar, ou esconder.
Na última sexta-feira, ao inaugurar um Centro de Referência em Assistência Social nos limites entre Brasília e Jenipapo, dois grandes povoados, Valmir deixou derramar lágrimas ao lamentar as dificuldades do poder público neste momento de recursos escassos para fazer frente a tanta carência social, o que lhe coloca, enquanto gestor, na iminência de ter até de cortar empregos públicos.
Mas em sua carreira de 21 anos na política, ele não vacila, sabe o que quer para si mesmo e sobretudo para Lagarto. De 1996 para cá, de nove eleições disputados, amealhou quatro mandatos de deputado estadual e dois de prefeito da segunda maior cidade genuinamente do interior de Sergipe.
Filho de uma família pobre, Valmir Monteiro, ou da Madeireira, nasceu no povoado de Água Fria, em Salgado, no dia 16 de julho de 1962. O pai, José Monteiro Romão, foi vereador de dois mandatos em Salgado. Valmir gosta tanto de gente que é o terceiro entre outros 13 irmãos, e fez seis filhos. A Lagarto, ele chegou, como afirma, “com uma mala na mão e um saco nas costas”.
Ali, mostrando a determinação e o outro lado ativo da sua visão política, Valmir Monteiro abriu espaço a cotoveladas e se impôs frente a duas famílias centenárias – a Reis e a Ribeiro – que mandavam no município em revezamento.
Hoje, Valmir, de 55 anos, não esconde a dívida afetiva que acumulou com Lagarto neste mais de 30 anos. “Tudo que eu sou devo a Lagarto e só posso pagar com muitas obras, com atenção e carinho ao seu povo”, diz ele. Na leitura desta entrevista, há uma série de indicativos da maneira como Valmir pretende trabalhar “para pagar” esta dívida.
Uma delas é muito significativa para o futuro da cidade: a que pensa em abrir novas avenidas em anel viário para que Lagarto desafogue seu centro urbano, naturalmente apinhado e de fluxo muito sofrível, e aí se expanda enquanto cidade que cresce.
Para os opositores, que dão nota 0,5 à sua gestão, ele responde com índices de realização de obras. “Nós estamos fazendo hoje umas 50 obras dentro do município”, diz. Vale a apena ler a entrevista que revela muito de um político que não teme em ser um opositor do governador do Estado.
JLPolítica – Como é que o senhor encontrou as finanças públicas de Lagarto em janeiro deste ano? O município devia muito ou pouco?
Valmir Monteiro – Devia muito. E eram débitos que já vinham de há muito tempo, de prefeitos anteriores, a exemplo do da Previdência, dos precatórios. E isso pesou bastante. Da gestão passada, também tivemos algumas dificuldades com o salário do mês de dezembro e um terço do salário de setembro atrasados, que o prefeito Lila Fraga ficou devendo. Tivemos muitos problemas, também, com as aulas, por exemplo, já que no ano de 2016 houve muitas greves e o ano letivo acabou se estendendo até março de 2017, o que acarretou muito custo para o município. Por tudo isso, no primeiro momento não deu para fazer tudo que desejávamos. Mas estamos arrumando a casa. Lagarto é um município grande, que precisa de algumas ações rápidas, a exemplo de infraestrutura, mas estamos resolvendo junto à equipe e hoje estamos bem conceituados com a população.
JLPolítica – O senhor tem ideia de quanto era o extrato das dívidas deixadas?
VM – Se for calcular de imediato, tivemos que cortar até o mês de junho toda e qualquer ação que pudéssemos realizar ligadas à infraestrutura. Mas diria que, no imediato, chegou a algo em torno de R$ 20 milhões.
3JLPolítica – Então podemos dizer que para um orçamento anual de R$ 182 milhões foi um débito mediano…
VM – Não, porque estamos falando de débito imediato, sim. Mas também tivemos que parcelar os precatórios, a Previdência, que o município deve hoje, de gestões passadas, mais de R$ 40 milhões.
JLPolítica – O senhor hoje a gestão já está respirando razoavelmente bem?
VM – Nós temos feito muita economia e um trabalho de conscientização junto à população. A gente tem dito que só pode gastar aquilo que a gente tem. A gente tem conseguido efetuar os pagamentos de forma antecipada.
JLPolítica – Pois é, qual é a metodologia que a sua gestão tem adotado para pagar os salários dentro de cada mês?
VM – A da responsabilidade. Cuidando bem do que é do povo, da finança pública do município, usando os recursos apenas no que é importante e no que dará retorno.
JLPolítica – Qual é a orientação que o senhor passa para o seu secretariado nesse sentido?
VM – A de não deixar que as pessoas entendam que a coisa pública é algo à mercê, que não tem dono. Porque o dono é o povo, e estamos apenas cuidando em nome dele. É isso que tenho pedido, que eles não se sintam como donos e sim como funcionários. Empregados do povo.
JLPolítica – O senhor acha que esse pagamento em dia vai ser possível até quando?
VM – Está difícil, apertou bastante. E eu poderia dizer que esse mês já estou tendo dificuldades com a folha de pagamento. Eu não sei se no próximo mês ainda consigo pagar dentro do mês.
JLPolítica – Quais são as maiores necessidades de Lagarto em termos de obras hoje?
VM – Eu diria que de infraestrutura, sobretudo de um deslocamento para o centro da cidade, que está atrofiado. Seriam novas avenidas e um anel viário que nos desafogassem, porque isso tem prejudicado bastante. Para você ter ideia, temos hoje três faculdades e uma universidade e isso nos dá um fluxo muito grande de pessoas e infelizmente os prefeitos anteriores não tiveram capacidade ou condição de estender a sede, o centro da cidade.
JLPolítica – Esse anel viário seria uma obra que depende da Prefeitura, do Estado ou da União?
VM – Da União. Acho que nem o Estado nesse momento tenha condição de realizar uma obra tão importante como esta. Mas já há o projeto. Nós vamos brigar para conseguir uma emenda impositiva, coletiva, da bancada federal, para Lagarto. Chegou o momento de Lagarto cobrar isso. Lagarto é o maior município do interior sergipano, com mais de 100 mil habitantes, e não pode mais conviver com essa dificuldade. Veja que ao longo dos anos, Lagarto não teve um código de obras, de urbanismo, e aí construíram muitos conjuntos ao redor da cidade como bem quiseram.
JLPolítica – A própria entrada da cidade parece que não obedece um limite para que seja ampliada, duplicada, com os imóveis muito próximo às margens.
VM – Pois é, não tem. E aí nós temos muita falta de infraestrutura ainda, apesar de o Governo Federal estar fazendo toda a parte de esgotamento, mas falta ainda.
JLPolítica – Essas suas idas e vindas a Brasília têm a ver com essa preocupação de trazer recursos para a infraestrutura?
VM – Sim. Nós estamos fazendo hoje umas 50 obras dentro do município, entre infraestrutura e calçamento. Seguramos alguns recursos do pagamento do IPTU e estamos reformando todas as praças. Fizemos um tapa buracos no centro, demos uma melhoria nas ruas. Mas ainda falta muito, porque somos uma cidade muito grande, com muitos bairros e 119 povoados. Veja que 50% da nossa população estão na zona rural, e que não tinha planejamento. Precisamos dar apoio a essas pessoas. Elas precisam de educação, de saúde, de assistência social. Hoje mesmo eu estou abrindo um Cras, que já temos um na zona rural e outros dois na cidade, para atender a região dos povoados Jenipapo, Brasília, Estancinha e Quirino.
JLPolítica – Como tem sido a sua relação com os 11 da bancada federal de Sergipe?
VM – Posso dizer que quem tem feito, quem tem atendido nossos pedidos, é o deputado federal André Moura. Esse tem sido um parceiro, que ajuda bastante. Assim como os senadores Antônio Carlos Valadares e Eduardo Amorim, além do apoio de deputados amigos como Adelson Barreto, João Daniel, que têm ajudado bastante com suas emendas.
Valmir gosta tanto de gente que é o terceiro entre outros 13 irmãos, e fez seis filhos.
JLPolítica – O senhor diz que está realizando em 50 obras. Isso parece negar a ideia dos Reis, que dizem que sua gestão só vale 0,5 de nota. Isso confronta essa avaliação?
VM – Olha, eu ficaria surpreso se eles dissessem que eu tinha nota 10. Porque eles não vão querer me elogiar. Mesmo porque eles não têm outra forma de se defender, a não ser com a de acusar.
JLPolítica – Mas o senhor reconhece as emendas do deputado Fábio Reis em favor do município?
VM – Reconheço. Não tanto quanto ele mesmo diz e nem tanto para mim. As emendas que ele poderia ter botado para Lagarto, deveriam ter sido em 2016 para valer agora em 2017, e ele não botou nenhuma. Isso já caracteriza automaticamente a boa vontade que ele não tem com Lagarto, porque se tivesse colocado alguma emenda de 2016 para 2017 estaríamos, como sempre estivemos, prestigiando-o, porque as obras que entregamos com emendas com recursos federais conseguidas por ele fizemos questão de ele estar na inauguração e de ter a oportunidade de falar.
JLPolítica – Quais são as maiores necessidades de Lagarto em termos de serviços hoje?
VM – Tenho problemas sérios na área de saúde. Apesar de existir um hospital regional aqui, está fechado. Não funciona. Então é como se não existisse. Estivemos agora em Brasília numa reunião com o ministro do Planejamento para tentar que ele libere o mais rápido possível os concursados da Ebser e a equipe, que vão trabalhar no hospital, e a liberação de alguns já foi sinalizada.
JLPolítica – Sua relação com o Governo do Estado está republicanamente em dia? É altura da importância do município que o senhor administra, ou deixa a desejar?
VM – Trato todos de maneira que eu entendo correta. Não tenho inimigo. Temos nossas divergências, mas entendo e tenho cobrado. Até vou ao governador, como fui, juntamente com Gustinho, solicitar uma nova entrada para a cidade. Estamos em andamento com projeto. Já temos alguns recursos de emendas dos senadores Amorim e Valadares, e esperamos que esses recursos que o governador se comprometeu também possam vir para concluirmos o projeto dentro dessa rodovia, que dará uma nova trajetória ao município.
Reconhece e agradece o apoio dos senadores Antônio Carlos Valadares e Eduardo Amorim.
JLPolítica – Em síntese, o que é essa nova entrada?
VM – Ela sai de onde foi construída a Universidade Ages, uma antiga estrada do município, e vem até a pista de Itabaiana, ali no hospital, o que dará uma nova condição de sair da própria universidade e até em direção aos povoados.
JLPolítica – O senhor disse a este portal que tem um projeto de ver duplicada a Rodovia entre Lagarto e o Treze. É possível pensar nisso?
VM – É. Inclusive, no Plano Habitacional, a ideia é que possamos construir uma pista com a distância de 300 metros de uma para a outra e dentro desse espaço deixar espaço para construções de áreas industriais, residenciais, comerciais, etc.
JLPolítica – O senhor acha que isso é projeto para um mandato?
VM – É difícil, é complicado, mas não é impossível, porque pegaríamos uma área que não tenha muita habitação ainda, então a despesa não seria tão grande. Mesmo porque todas essas pessoas que têm imóvel lá teriam interesse, porque acaba valorizando.
JLPolítica – Um orçamento de R$ 180 milhões por ano é suficiente ou escasso?
VM – É muito pouco. Porque é uma cidade com 119 povoados para dar atenção, para dar atendimento na saúde, educação, então é muito difícil. Ainda mais por termos povoados com dimensões de cidade. E tem alguns que ficam a 40 km de distância da sede, cujo acesso ainda é difícil.
“Posso dizer que quem tem atendido nossos pedidos é o deputado federal André Moura”, reconhece.
JLPolítica – O senhor já enviou a previsão orçamentária de 2018 para a Câmara? Aumentou ou permanece a mesma?
VM – Permaneceu o mesmo valor, por isso sabemos que é difícil.
JLPolítica – Qual a solução para que o Mercado Municipal da cidade, feito pelo Governo do Estado e entregue, finalmente entre em funcionamento?
VM – Só terminar a licitação. Algumas áreas já foram licitadas.
JLPolítica – Licitação para quê?
VM – Para a concessão do uso por 15 anos das bancas, dos locais onde serão vendidos os produtos da feira.
JLPolítica – Qual o balanço que o senhor faz do funcionamento do Instituto de Prevenção Anna Hora Prata, unidade do Hospital do Câncer de Barretos em Lagarto?
VM – Está indo muito bem. Mas a gente sabe que os resultados não são imediatos, mesmo porque o atendimento é preventivo. Mas no futuro o resultado será muito grande, apesar de a clínica ainda não estar em total funcionamento. Mas o caminhão, que funciona como ambulatório, sim, e tem feito um bom trabalho.
“Nós estamos fazendo umas 50 obras dentro do município”, diz.
JLPolítica – Qual a importância da conversão dessa cidade me uma cidade universitária, como tem ocorrido nos últimos 10 anos? Isso significa o que?
VM – Antes Lagarto era cotada como uma cidade onde o povo fazia mais política do que trabalho administrativo e hoje estamos vendo como a cidade está crescendo, com a chegada da universidade. E a gente sabe que o potencial e a cabeça dos moradores são totalmente diferente. Até porque, muitas das pessoas vêm de fora. Nós temos uma Universidade Federal com curso de Medicina. Então, recebemos pessoas de toda a federação. É totalmente diferente. Não duvido de que Lagarto será, em breve, a cidade universitária que mais terá ações na área de saúde no Estado.
JLPolítica – Ela mudou muito o perfil? Qual a base da economia de Lagarto?
VM – Mesmo tendo as universidades, as indústrias são fortes, principalmente as do Grupo de José Augusto Vieira. Mas a gente tem incentivado ainda essa cultura rural, como fizemos agora em junho com o Festival da Mandioca, que é um dos itens mais produzidos da região e cuja ideia é incluir os produtos e subprodutos da mandioca na alimentação escolar para que Lagarto seja uma referência nessa área de amido da mandioca para a região e para o Estado.
JLPolítica – Apesar de ser genro de Arthur do Gavião, cunhado de Jerônimo Reis, tio de Fábio Reis, José Augusto Vieira se mete na vida política de Lagarto?
VM – Não vejo isso, diretamente. E tem sido um amigo, um parceiro. Tem contribuído bastante com o desenvolvimento de Lagarto e eu tenho sinalizado a ele que estamos à disposição para fazer parceria e melhorar, principalmente, a geração de empregos.
JLPolítica – O senhor era um classe média, bem-sucedido, e entrou para a política. Compensa essa dedicação do ponto de vista da realização pessoal e do ponto de vista material?
VM – Do ponto de vista material, talvez não. Mas do pessoal sim, porque eu sei o quanto fiz bem. O quanto eu cresci politicamente na vida pública. Na questão política do município de Lagarto nós enfrentamos a concepção de duas famílias, de dois grupos políticos que passaram a vida toda brigando um com o outro para fazer uma administração passiva, sendo que gente deve atender aos interesses da população e não os de um grupo político. E isso me deu a possibilidade de fazer, dentro do espaço daquilo que você entende que é humano, o que é necessário que você faça. Mesmo porque a gente sabe que aqui nós somos passageiros. Estamos vivendo aqui um momento e, quando vamos lá para cima, por esse momento daqui somos credenciados por aquilo que a gente faz. Porque lá em cima tem uma pessoa que está anotando o que você faz de bem e o que você faz de ruim. Então, eu acredito que nesses meus anos de vida pública, de vida política, fiz muito bem. Fiz muita coisa boa e isso me dá o credenciamento e eu sei que quando eu chegar lá as portas vão estar abertas para eu entrar.
Venceu as eleições tendo Hilda Ribeiro, esposa de Gustinho Ribeiro, como vice-prefeita.
JLPolítica – Nesses 21 anos, o senhor evoluiu ou involuiu, patrimonialmente?
VM – Não evoluí. Eu não tenho nada. Hoje eu não tenho nem 10% do que eu tinha anteriormente. Eu era um homem bem-sucedido. Eu cheguei a ter 102 funcionários. Eu tive supermercado, fazenda, sítio, 16 apartamentos em Aracaju. Eu sempre fui um homem bem-sucedido na minha vida, por isso eu devo muito a Lagarto, porque cheguei aqui praticamente com uma mala na mão e um saco nas costas, e tive a oportunidade de ser um dos empresários mais bem-sucedidos dessa cidade. E não reclamo por aquilo que eu perdi. Não me arrependo não. Porque eu sei que muito do que eu fiz foi benefício da população. Tudo que eu sou devo a Lagarto e só posso pagar com muitas obras, com atenção e carinho ao seu povo.
JLPolítica – Prefeito, foi difícil abrir caminhos entre as famílias Ribeiro e Reis, naturalmente fortes, e se configurar como uma liderança política para além desses dois clãs?
VM – Sempre trabalhei fazendo aquilo que considero importante para o meu povo. O homem público tem que deixar a vaidade, a prepotência, e ver que ele tem que trabalhar para a população, e é assim que tenho feito. Esqueci qualquer questão dos meus adversários. Não sou homem de estar falando dos meus adversários. Não tenho intenção de fazer política assim, mas pensando naquilo que é melhor para a população e assim consegui vencer os adversários. Posso dizer que na minha carreira política, de 21 anos, consegui quatro mandatos de deputado e dois de prefeito – e isso responde bem a esta pergunta.
JLPolítica – Mas seria mais fácil se os Reis e Ribeiro fossem mais convergentes, mais parceiros?
VM – Seria. Mas da vez que tentamos fazer isso, percebemos que as pessoas que dizem querer ajudar o município, na verdade, querem se auto beneficiar.
JLPolítica – Por que o Cabo Zé se vira tanto contra o senhor?
VM – Porque é o estilo dele de pensar, de administrar. Já falei que quero administrar para o povo, porque entendo que os recursos são do povo, é o povo que paga os impostos e faz com que a gente posa hoje estar trabalhando. É o povo que paga meu salário.
Amealhou quatro mandatos de deputado estadual e dois de prefeito.
JLPolítica – O senhor admite gravidade nessa denúncia que ele tentou fazer essa semana de que a Prefeitura estava pagando para defender judicialmente um bandido?
VM – Que nada! Isso é apenas o Cabo Zé querendo achar um motivo para entrar na imprensa e tentar barganhar espaço. Aparecer.
JLPolítica – Se o deputado federal André Moura for candidato à reeleição, como fica a sua opção eleitoral frente à pretensão de Gustinho Ribeiro, de também disputar o mandato federal?
VM – Eu tenho dito que sou parceiro de André Moura, que é meu presidente partidário, mas que compromisso é compromisso. Eu não tenho duas palavras, e é por isso que tenho conseguido seis mandatos em 21 anos de vida pública, pelas minhas decisões e posições. Então, eu vou com Gustinho. Claro que é uma parceria, na qual nós indicaremos nosso candidato a deputado estadual.
JLPolítica – Há espaço para Lagarto ter dois federais, prefeito?
VM – Temos espaço, sim. Nós temos mais de 70 mil eleitores. E além disso, temos uma região muito grande, que engloba Simão Dias, Poço Verde, Boquim, cidades grandes que têm respaldo político mas não têm deputado federal.
JLPolítica – O senhor também torceria para que Lagarto tivesse dois federais? Para que Fábio se reelegesse junto com Gustinho?
VM – Sim, mas que não seja ele (Fábio), porque pode ser outro. Espero que possa ser outro.
Tem compromisso de apoiar Gustinho Ribeiro para deputado federal.
JLPolítica – O senhor tem uma ligação muito forte com Rogério Carvalho, PT, e não esconde isso de ninguém. Ele sendo candidato a senador, terá de novo seu apoio?
VM – Olhe, tenho consideração e respeito por ele. É filho desta terra, homem que trabalhou bastante para que pudéssemos ter hoje uma universidade com curso de Medicina, um hospital regional – apesar de não estar funcionando. Foi Rogério que lutou para construir duas clínicas da saúde. É um parceiro, é um amigo. Uma pessoa que temos um relacionamento muito bom. Convivemos no dia a dia. Ele sempre está em Lagarto e tem nos ajudado a administrar. Tem orientado, participado de algumas decisões. Mas eleitoralmente não definimos nada, mesmo porque dentro do meu grupo ainda não foi decidido – então tenho que deixar as coisas acontecerem.
JLPolítica – O senhor tem observado uma mudança de perfil em Rogério no modo de fazer política? E o senhor a aprova?
VM – Com certeza. Talvez até de tanto ele viver aqui, tenha aprendido um pouco, entendido que o homem público tem que estar à disposição do povo. Essa mudança é positiva.
JLPolítica – Quem o senhor acha que deve disputar o Governo pelo seu bloco: Eduardo Amorim, Antônio Carlos Valadares e André Moura?
VM – Qualquer um dos três que venha a disputar, será muito bem recebido. A gente tem visto que a oposição, nesta eleição, tem condições de ser a vencedora. Mas vejo que todos três têm capacidade, boa vontade e o espírito de luta para resolver os problemas do Estado.
JLPolítica – De onde é que o senhor tira essa convicção de que a oposição agora tem essa condição de sair vencedora?
VM – Infelizmente, pela péssima administração do Governo que aí está. Aqui em Lagarto, por exemplo, o Governo teve uma vitória esmagadora, mas até o momento ainda não mostrou a que veio e nem o que está fazendo em benefício da população.
JLPolítica – Não é exótico, estranho, que pai e filho decidam pelos destinos do Executivo e do Legislativo de uma mesma cidade, como ocorre com o senhor e o vereador Ibrain Monteiro?
VM – Não quando é a vontade do povo. Não fui eu que coloquei ele lá e nem ele eu aqui. Quando se é a vontade do povo -, e foi o povo que votou e aprovou – sem dúvida nenhuma continuaremos atendendo essa vontade popular.
JLPolítica – Mas há a possibilidade de haver algum ato não-republicano na cidade em virtude disso
VM – Não, porque somos muito democráticos. Atendemos as pessoas e fazemos dentro das ações legislativas. Por exemplo, atendemos a vontade do povo e dos vereadores.
JLPolítica – O senhor acha que Ibrain Monteiro estaria preparado para a disputa de um mandato de deputado estadual? E ele será candidato mesmo ano que vem?
VM – A tendência e a vontade dos nossos aliados, principalmente os que ficam na linha de frente, são de que sim. E a gente também sente isso na população com pesquisas. A aceitação foi de 75,8% à nossa administração e também houve a sinalização da vontade de termos mais um deputado do nosso lado.
JLPolítica – O senhor arquivou seu espólio de deputado de quatro mandatos por aí ou é possível transferir alguma coisa ainda?
VM – É possível. E pela minha convivência, pela maneira de ser, de conduzir os nossos amigos, correligionários da região, sempre somos procurados e bem recebidos em todas as cidades onde eu ando, onde tive votação expressiva como deputado estadual nos meus quatro mandatos.
JLPolítica – Os seus processos jurídicos como político estão sanados ou o senhor ainda corre risco?
VM – A gente tem um processo que está no STJ, que esperamos que seja julgado favorável, para que a gente possa continuar fazendo nosso trabalho político.
JLPolítica – O senhor aposta na capacidade política da primeira-dama do município, Andreza Nascimento e há a probabilidade de ela disputar um cargo eletivo no Executivo ou no Legislativo?
VM – Acredito. Ela tem muita boa-vontade e vem desenvolvendo um trabalho social. Talvez tenha aprendido comigo que política administrativa se faz com ações em benefício da população. Agora, quem vai decidir se há probabilidade é o povo, a população.